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“Este álbum trouxe-nos muitas críticas, mas é um pouco de divertimento. Era destinado a ser muito complementar, pelo menos, é certamente a maneira como eu me sinto à cerca do álbum” Brian May 

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Jazz, o sétimo álbum de estúdio dos Queen, foi o primeiro a ser gravado fora do Reino Unido. As gravações começaram nos Mountain Studios, na Suíça, em Julho de 1978, e mais tarde passaram para os estúdios Super Bear, em Nice, França, tendo terminado em Outubro.

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Apesar da ausência do produtor Roy Thomas Baker nos dois álbuns anteriores (A Day At The Races e News Of The World), produzidos pela banda com o seu colaborador de confiança Mike Stone, a equipa voltou a juntar-se para este projecto. Seria a última produção Queen/Baker.

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A mudança de cenário e de estúdio de gravação deu origem a um álbum com um som novo e exuberante e um leque diversificado de canções – nada menos do que 13! –, muitas das quais se tornariam êxitos internacionais importantes, passariam a figurar entre as preferidas dos fãs e teriam presença garantida nos espectáculos ao vivo da banda durante o que restava da década de 1970 e os anos 80.

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Jazz foi lançado no Reino Unido a 10 de Novembro de 1978 e, quatro dias depois, nos Estados Unidos. Alcançou o 2.º lugar nas tabelas, chegou a Disco de Ouro e foi um enorme sucesso em todo o mundo.

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O conceito inusitado para a capa do álbum partiu de Roger que, meses antes, tinha visto um desenho semelhante pintado no Muro de Berlim; no interior, surge uma fotografia da banda em formato grande angular, tirada nos estúdios de gravação de Montreux pelo assistente Peter ‘Ratty’ Hince. O álbum incluía também o que se considerou um poster escandaloso, de raparigas nuas a andarem de bicicleta à volta do Estádio de Wimbledon, em Londres, numa «corrida de bicicleta» deveras original! O acontecimento foi encenado para promover tanto o álbum como o single Bicycle Race / Fat Bottomed Girls (lançado um mês antes). O poster, tal como o vídeo promocional de Bicycle Race acabaria por gerar polémica em muitos países, com acusações de sexismo e exploração grosseira.

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A imprensa usou fotografias daquele passeio de bicicleta, que surgiram em jornais diários e publicações músicas da época, mas o poster foi considerado demasiado indecente para o público norte-americano. Por isso, em vez de o inserir no LP. A editora Elektra Records precaveu-se de ofender os distribuidores, incluindo um cupão com o qual os compradores podiam requerer o poster gratuito. Foram tomadas precauções adicionais com as imagens da capa do single Bicycle Race / Fat Bottomed Girls não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. De repente, a rapariga nua em cima da bicicleta exibia cuecas cor-de-rosa, pintadas por cima do original, embora estivesse a pedalar de costas para a câmara! Nos Estados Unidos, a editora Elektra foi ainda mais longe, acrescentando-lhe um sutiã!

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Tal como os álbuns anteriores, Jazz oferece uma selecção insólita e variada de músicas e estilos, reflectindo um período frenético de composição para a banda. Com News Of The World, os Queen tinham voltado a um sentimento de «regresso às origens», mas neste álbum, num novo ambiente e com a ajuda de Roy Thomas Baker, exploraram uma variedade e ainda maior de caminhos e limites musicais.

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Enquanto gravavam o álbum nos estúdios Super Bear, a Volta à França em Bicicleta passou perto de Nice, inspirando Freddie a compor a sua celebre canção. Incluindo campainhas de bicicleta e a típica ironia de Freddie nas suas letras, esta é talvez a composição mais complexa do álbum; tanto assim é que quando foi apresentada ao vivo, apenas uma parte foi incluída no medley dos concertos. Apesar de tudo, os fãs adoravam-na e até levavam as suas próprias campainhas de bicicleta para surpreender Freddie no momento certo da música.

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Roger: «Bicycle Race foi uma das ideias loucas de Freddie que eu achei que era uma óptima faixa. Era uma boa música hard pop. E depois tínhamos também Fat Bottomed Girls, e sentimos que em termos de imagem elas ficavam muito bem juntas. Um dia, a Volta à França em Bicicleta passou perto de onde estávamos, e o Freddie ficou a olhar completamente maravilhado. Acho que aquilo desencadeou qualquer coisa na imaginação dele.»

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A canção mais popular e reconhecível do álbum – para além das senhoras a correrem sobre duas rodas – talvez seja a penúltima, a imediatamente identificável Don’t Stop Me Now, escrita por Freddie. Com uma interpretação memorável de piano e um solo de guitarra, este é um dos temas dos Queen mais conhecidos e cantados de sempre. Surpreendentemente, foi apresentado em concerto apenas durante dois anos. Apesar disso, era um ponto alto dos espectáculos – como se pode verificar no álbum duplo gravado ao vivo em 1979, Live KillersDon’t Stop Me Now tornar-se-ia uma das mais requisitadas canções da banda e mais frequentemente descarregadas na Internet. A versão interpretada pela banda britânica McFly, em 2006, por exemplo, foi n.º1 no Reino Unido.

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Roger: «A música reflecte o modo como Freddie sentia a vida naquela altura. Ele estava a divertir-se e, por isso, não queria que o parassem. Nunca nos passou pela cabeça, pará-lo! Saiu-lhe do coração e é também muito sarcástica.»

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​Disc 1
1 - Mustapha  (Freddie Mercury)
2 - Fat Bottomed Girls  (Brian May)
3 - Jealously  (Freddie Mercury)
4 - Bicycle Race  (Freddie Mercury)
5 - If You Can't Beat Them  (John Deacon)
6 - Let Me Entertain You  (Freddie Mercury)
7 - Dead On Time  (Brian May)
8 - In Only Seven Days  (Jonh Deacon)
9 - Dreamers Ball  (Brian May)
10 - Fun It  (Roger Taylor)
11 - Leaving Home Ain't Easy  (Brian May)
12 - Don't Stop Me Now  (Freddie Mercury)
13 - More Of The Jazz  (Roger Taylor)

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​Disc 2
1 - Fat Bottomed Girls (Single Version)  (Brian May)
2 - Bicycle Race (Instrumental)  (Freddie Mercury)
3 - Don't Stop Me Now (With Long-Lost Guitars)  (Freddie Mercury)
4 - Let Me Entertain You (Live in Montreal, November 1981)  (Freddie Mercury)
5 - Dreamers Ball (Early Acoustic Take, August 1978)  (Brian May)

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(Jazz (2011 Remaster) (Deluxe Edition))
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​DIGRESSÃO

Depois de uma grande digressão norte-americana no final de 1977, os Queen iniciaram uma tournée europeia em Abril de 1978. Passando por países como Suécia, Dinamarca, Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Suíça e Áustria, o circuito terminou em Inglaterra, com três noites no Empire Pool de Londres, em meados de Maio. Mais tarde nesse ano, a banda realizou uma segunda digressão pelos Estados Unidos, ainda antes do lançamento do álbum Jazz. Com início em Dallas a 28 de Outubro, passou pela maioria das cidades principais, incluindo duas noites no Madison Square Garden de Nova Iorque e cinco espectáculos no Canadá, terminando com três noites consecutivas no Fórum de Los Angeles, em Dezembro.

 

Depois do concerto de Nova Orleães, a 31 de Outubro, e como pré-lançamento de Jazz, os Queen deram uma enorme festa, muito dispendiosa e tipicamente escandalosa (mesmo para os padrões da banda), organizada e paga pelo grupo, e não pela editora. Foram convidadas mais de 400 pessoas, incluindo membros da imprensa de Inglaterra, África do Sul, Japão e EUA, e também amigos da EMI e da e Elektra. A festa começou à meia-noite, prolongou-se pela madrugada e inclui lutadores de lama nuas, anões, comedores de fogo, bandas de jazz e percussão, dançarinos zulu e de vudu, strippers, travestis e monociclistas. A festa de Nova Orleães, de que ainda hoje se fala, tornou-se uma das mais indecorosas alguma vez organizadas por um grupo de rock.

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Foi também estreado nesta altura um novo equipamento de iluminação, o maior e mais impressionante até àquele momento. Conhecido como The Pizza Oven («O Forno de Pizza»,) devido à temperatura elevadíssima que as suas 600 luzes geravam, todo este extraordinário bloco de luzes de cinco toneladas se movia em vários momentos ao longo do concerto. Para o clímax do final, durante a interpretação de We Are The Champions, todas as luzes se voltavam para a audiência, criando um efeito visual deslumbrante.

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Depois da digressão norte-americana, a banda realizaria alguns concertos na Europa em Janeiro de 1979, cujas gravações dariam mais tarde origem ao tão aguardado primeiro álbum ao vivo, Live Killers.

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SINGLES

O primeiro single do álbum Jazz foi o disco com duplo lado A Bicycle Race / Fat Bottomed Girls, lançado a 13 de Outubro de 1978. A mesma dupla foi editada em todo o mundo, e várias capas que ostentavam versões diferentes da ciclista, inicialmente nua, mas agora parcialmente vestida, depressa se tornaram artigos de coleccionador. Este foi o segundo single da banda com duplo lado A e atingiu o 11.º lugar nas tabelas do Reino Unido. Fora de Inglaterra, entrou no top 10 em muitos países europeus e ocupou o 24.º lugar nos Estados Unidos.

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Foram gravados dois vídeos, realizados por Dennis De Vallance, durante os ensaios no Centro de Convenções de Dallas, Texas, a 28 de Outubro – o local onde se realizou o concerto de abertura da tournée norte-americana. Apesar da gravação de Fat Bottomed Girls ter sido usada na altura como vídeo promocional, o mesmo não aconteceu com a de Bicycle Race, que permaneceu inédita no fundo dos arquivos até ao aparecimento do DVD Greatest Video Hits I, em 2002. Para a substituir, foi gravado um vídeo alternativo, contendo imagens vagas das raparigas nuas em cima das bicicletas, da banda ao vivo em Hyde Park, em 1976, bem como fotografias e imagens de personagens e objectos referidos na letra da música.

 

Brian: «Fat Bottomed Girls foi muito criticada, mas é apenas um tema divertido. Era suposto ter um elogio. Quer dizer, era, sem dúvida, assim que eu a via.»

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O segundo single do álbum, Don’t Stop Me Now, surgiu acompanhado de In The Only Seven Days. Lançado no Reino Unido a 26 de Janeiro de 1979, alcançou o 9.º lugar nas tabelas. No mês seguinte, a Elektra Records editou o single nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, desta vez acompanhado de More Of That Jazz. O vídeo, realizado por Jorgan Kliebenst, foi gravado durante uma verificação de som em Bruxelas, no Forest Nationale, em Janeiro. À semelhança de Fat Bottomed Girls, o filme exibia os Queen em palco com Freddie de pé ao piano e o poderoso equipamento de iluminação Pizza Oven por cima, em toda a sua glória.

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Um terceiro single, Mustapha, acompanhado de Dead On Time, foi lançado durante os concertos na Europa, mas apenas em alguns países, e na Jugoslávia surgiu com In The Only Seven Days no lado B. Nunca chegou a ser feito um vídeo, e por isso, o disco teve pouco impacto. Em Abril de 1979, foi lançado um último single nos Estados Unidos, Canadá e Brasil, Jealousy, acompanhado de Fun It, de novo sem um vídeo para promover, pelo que foi praticamente ignorado.

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