Passamos a transcrever o lindíssimo texto do nosso querido Brian May fez sobre Jer Bulsara, que partiu no passado dia 13 de Novembro.
Bem, agora que a noticia já é sabida, pensei em partilhar algumas palavras. A mãe de Freddie, Jer Bulsara, morreu há uns dias (13/11/2016), em paz durante o sono. Tinha 94 anos. É desejo da família, que o funeral e respectivas cerimónias permaneçam privadas. Jer era uma mãe dedicada a Freddie, e tal como Freddie, tinha sempre um brilho nos olhos. Embora fosse uma esposa devota ao seu marido, Bomi, e vivesse sob a fé Zoroastrista sendo uma boa Persa, ela tinha um espírito independente e um forte sentido de humor. Conhecia-a há mais de cinquenta anos, e ela sempre foi uma mãe muito ocupada e cheia de optimismo, quando eu comecei a ir a casa dos pais do Freddie, em Feltham, apenas a uns metros de onde eu vivia, nos nossos tempos de estudantes. E já na altura, tinha um tremendo orgulho nos seus filhos, Freddie e Kashmira. É verdade quando se diz que o pai de Freddie, era fortemente comprometido com a fé Persa, e teve dificuldades em aceitar o caminho que Freddie escolheu, ser uma estrela de Rock, e bastante irreverente. No entanto, o apoio esteve sempre lá. Mas Jer era uma seguidora feroz do nosso progresso como banda, indo aos nossos concertos, sempre que tocávamos perto e sempre com muito entusiasmo. Freddie era muito próximo da mãe, e eu acho que tinha um certo prazer em chocá-la. Eu e Roger lembramo-nos de uma noite, antes de um concerto em Londres (Wembrey Arena, penso eu) em que Freddie anunciou: "A minha mãe hoje está no público, é melhor meter uns 'fucks' extra." Nunca existiu um sinal de que ela estaria chocada. Depois da morte de Freddie, ela permaneceu próxima de nós - De Roger, de Jim e de mim. Nós consultávamo-la, sobre o nosso trabalho, depois de termos perdido Freddie. No Tributo a Freddie em Wembley, no álbum Made In Heaven, que continha os últimos presentes vocais que Freddie nos deixou, e que foi um processo de dois anos para nós, no single No-One But You, o nosso tributo a Freddie - que foi uma música que escrevi na inauguração da estátua dele em Montreux-, uma ocasião que partilhámos com Jer. Falávamos com ela sobre as nossas músicas, sobre a aparição no Bejart Ballet, com Elton a cantar, que inclusive foi a última aparição de John connosco, e também sobre o nosso trabalho com Paul Rodgers, uns anos mais tarde. Também aconteceu com Adam Lambert. Ela esteve connosco o tempo todo. Ela adorava que o espírito de Freddie vivesse fortemente no trabalho que fazíamos, e que Freddie tivesse sempre uma presença nos nossos concertos. Em momentos privados que partilhámos, longe das luzes da ribalta, nos últimos anos Jer estava sempre pronta para um chá quando a visitávamos. Podíamos falar do "Nosso Freddie" sem vergonha e sentindo que ele não estava longe. Esta é uma altura muito difícil para Kash, obviamente, esperemos que ela consiga ultrapassar isto e encontrar a sua paz. Muito amor e respeito. DEP Jer. Bri XXX