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Queen: os primeiros anos de paixão


Passamos a publicar o mais recente texto no nosso novo colaborador John Aguiar, recordem aqui o seu primeiro texto para o Queen Portugal - Queen Novamente Campeões do Mundo. Sou fã dos Queen desde os meus 14/15 anos (nasci em 1980). Até aí ouvia música, na rádio, de onde ia gravando aquelas músicas que mais gostava, ou na ocasional cassete que o meu pai arranjava através dos colegas. Mas a verdade é que não era um entendido… Gostava muito (ainda gosto) dos Nirvana). Mas nem sequer era um verdadeiro conhecedor. Tive o meu primeiro leitor de CD’s só em 1995 (tarde portanto….). Conhecia Queen ao nível amador, os hits habituais na rádio. Gostava, sim. É impossível a qualquer pessoa sã não gostar de, pelo menos, 3 ou 4 músicas das mais conhecidas. Mas era por aí que ficava.


Entretanto, cruzei-me com o Greatest Hits II… Emprestado, claro. Não hesitei, coloquei uma cassete virgem (transparente em tons de verde, tal como a caixa) no deck e bota de carregar no Rec. Já conhecia boa parte das músicas, sim… Mas nunca as tinha ouvido de seguida… Nunca tinha apreciado os cambiantes internos de cada música… E de música para música. De como passava do já batido e radiofónico “A Kind of Magic” ao doce embalar pungente de “Who Wants To Live Forever” ao estranhamente viciante e nunca antes ouvido por mim “The Invisible Man” ao hard rock de “Headlong”. Sim, todos conhecíamos os hits da banda, mas não os conhecia assim… Saltitando de género em género. Queen era algo que não havia percebido antes. Não havia entendido… Na sua plenitude! A partir daí chegava a casa, ia à aparelhagem, sentado no chão, entender mais daquela banda. De Freddie Mercury e Brian May (os demais nem sabia o nome ainda). Tinha encontrado um amor para a vida. E estava justamente a perceber isso.


Entretanto, um amigo de escola, tinha o GH I. Não hesitei, tive de o pedir emprestado. Mais uma cassete a ser utilizada. Novamente, uma explosão sonora… Era uma nova dimensão. Diferente do que já conhecia! O provocante “Killer Queen”, o hino “We Are The Champions”, a balada “Somebody To Love” e, claro, “Bohemian Rhapsody” (não há adjectivos) soavam tão diferente ao que havia ouvido na outra cassete por mim já gravada. Como era possível esta variedade…? Tantas vertentes! Hard Rock, ópera, balada, pop… E ouvir os GH’s de seguida então… Claro, que tive de pedir a um vizinho o Live At Wembley 86. Ao vivo, tudo ganhava outra dimensão. Percebia-se plenamente o pavonear de Freddie em cada música. O majestoso som sacado naquela guitarra cujo nome nem sabia ou nem palpitava ser tão importante. As subtilezas explosivas do baixo e o poder da bateria. Mas nem sabia muito bem de onde vinha cada uma destas nuances. Aos 16 anos, já o meu amor é claro… Queen! Prenda do padrinho? Made In Heaven. Antes, na rádio, quando ouvi a primeira vez “You Don’t Fool Me” (lembro-me perfeitamente onde de resto, na Associação de Estudantes) já conhecia perfeitamente aquela conjugação de vozes. E naquele “AAAHHHH” inicial gritei logo na minha cabeça: esta música é de Queen e é nova. Só pode! No Natal, os meus pais não tiveram de pensar muito: o VHS do documentário Champions of the World. Visto e revisto vezes sem conta. E à hora do jantar, contei vezes sem conta os pormenores da caminhada dos Queen… O vício, a paixão, a busca do que podia agarrar era só no que pensava. Tinha de saber mais. Converti-me num fã.


Recordo: eram os 90’s. Não havia internet disponível (vivia numa aldeia), os CD’s caríssimos e o YouTube eram um sonho… Entretanto, tinha recebido um CD de Green Day, Insomniac. A anos-luz do excelente Dookie. Não gostava. Em conversa com um amigo de escola, surgiu a oportunidade: troquei-o pelo Innuendo! Absolutamente fantástico! Desde a faixa-título, um BohRhap 2.0, a Don’t Try So Hard ao poder heavy de Hitman (ainda hoje das minhas favoritas) e o murro comovente These Are The Days of Our Lives, de onde tinha visto no VHS um Freddie tão doente… Era tudo belo. Sinfónico, hard rock, pop brincalhão… Havia de tudo! Nesta voragem, já havia mandado estampar o emblema dos Queen numa t-shirt (com uma imagem que vinha no booklet de Made In Heaven).

Fase seguinte. Numa visita ocasional a uma (saudosa) loja da música pedi aos meus pais o The Miracle. Afinal, tinha o “I Want It All”…. Não desiludiu, além dessa, tinha uma das músicas que se tornou das minhas favoritas (de Top 5) do meu novo amor e eu estava ali a descobri-la: Was It All Worth It! Os booklets entretanto, devorados à exaustão… Ah, e a capa da minha nova aquisição estampada noutra t-shirt!

Numa outra loja de música, um outro item: o GH I em… VHS! Os videoclips!! Caríssimo, claro. Nada a fazer, ia juntando uns dinheiritos, aqui e ali, namorava a cassete sempre que podia… E quando chegou o dia fui lá comprá-la! E corri para casa! Vê-la, vezes sem conta. Inclusive listei, à mão numa folha, as músicas todas por ordem com o autor de cada uma…

Em 97, surgia uma música nova. Mais um tesouro… “No One But You (Only The Good Die Young)”! Ouvida, absorvida, pensada e repensada… Mal sabia que seria uma espécie de canto de cisne dos originais. Sim, existem as faixas de Queen Forever, mas são uma reciclagem e recuperação do que estava já feito. E não, lamento, não conto com o Cosmos Rocks. Ouvi uma vez e chegou-me… E claro, foi ainda o ponto final para John Deacon, cuja falta sinto também… Mas a paixão estava lançada e cimentada. Era agora um fã de Queen! E tudo isto, entre finais de 95 e meados de 97!

E foi assim como tudo começou… Enquanto outros eram fanáticos de bandas do momento (atenção, eu também gostava muito mesmo do que estava a acontecer, o grunge sobretudo), eu tinha o garbo em ser diferente: era fã de Queen! Vestia a camisola em público e tudo! E enquanto outros escreviam nas mesas das salas de aula músicas da hora, eu escrevinhava, confesso, Killer Queen ou I Want It All… E Queen é daquelas paixões que nunca mais se larga!




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