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Innuendo, um álbum especial


No passado dia 4 de Fevereiro, o álbum Innuendo completou 28 anos, este é assim o tema do mais recente artigo do nosso colaborador John Aguiar, que além disso nos vem falar de ideias para a celebração dos 50 anos dos Queen e do sucesso de Bohemain Rhapsody no Japão. Esta semana Innuendo fez 28 anos. O último disco dos Queen durante a vida de Freddie Mercury é um verdadeiro canto do cisne, na acepção real da palavra. E é um compêndio da música da banda, onde mais uma vez encontramos de tudo, no eclectismo que sempre os caracterizou.


Os anos 80 dos Queen viram as “teclas” a assumir um papel relevante na música. Alguns dos grandes hits têm sintetizadores no core da sonoridade. I Want To Break Free ou Radio Gaga são os exemplos flagrantes. Mas não só, os discos, transversalmente, viram a banda a aproveitar esta nova instrumentalização. Nunca se afastaram do rock em definitivo, verdade (Hammer To Fall, One Vision…), mas sim os keyboards foram proeminentes, o que lhes valeu algumas duras críticas. Em 1989, com The Miracle, os Queen anunciavam uma espécie de aproximação às raízes dos 70’s, com sonoridades complexas, overdubs e arranjos vocais intrincados, deixando os sintetizadores no banco de trás. Eles estavam lá, sim, mas como um mero suporte, uma textura.


Entre 89 e finais de 1990, vendo que o fim de Mercury, a banda lançou-se ao trabalho e sem tours para fazer, os 4 juntaram-se em estúdio, sempre que a saúde do vocalista permitia, e meteram mãos à obra. O resultado seria Innuendo. É um álbum que, a meu ver, aprofunda o que fora iniciado com The Miracle e faz parte de um terceiro bloco da discografia dos Queen, que engloba os dois álbuns citados e Made In Heaven.


Innuendo é, para mim, um disco especial. Além de o ter adquirido de uma forma diferente do habitual, já citada noutra crónica, simboliza o caminho não seguido pelos Queen, tolhidos pelo desaparecimento de Mercury. Oiço em Innuendo, o single, um BohRhap 3.0 (O 2.0 é, sem dúvida, Was It All Worth It). Ouvir Hitman ou Headlong é como estar perante malhas como Stone Cold Crazy. All God’s People é um louvor religioso do tipo de Mustapha. Ride The Wild Wind é Taylor a piscar o olho a I’m In Love With My Car… E por aí a fora. Pelo meio… as pungentes despedidas em These Are the Days of Our Lives ou The Show Must Go On, sempre na linha do restante. Elegante, variado e clássico. E ainda jóias notáveis em Bijou ou Don’t Try So Hard. Mercury às portas da morte, frágil, mas capaz de “sacar” aquelas notas!


Innuendo é, assim, Queen no seu melhor nos 70’s, com todos os cambiantes, eclectismo, coragem experimentalista e poder puro, mas refinados pela idade. E experiência. Mas deixa aquele sabor agridoce… Queria mais “daqueles” Queen. Sim, Made In Heaven foi uma espécie de paliativo para este meu vazio. Mas aquele disco, uma das primeiras portas para mim para a banda, apesar de duas décadas de música para trás e tanto por descobrir à época, introduziu-me para toda a elegância, toda a qualidade, mestria e amplitude das capacidades daquele quarteto. E vezes sem conta imaginei o que se seguiria a Innuendo, como evoluiriam… Ver Freddie Mercury, fato completo, elegante para caraças, mesmo com a magreza. Taylor e May, rockeiros clássicos ou Deacon, calado, mas observador e o suporte daquele vulcão todo. O que viria a seguir?! Pergunta que me assolou vezes sem conta… Como disse, houve Made In Heaven, que me serviu e soube tão bem, do princípio ao fim. Mas falta o factor Mercury! E o disco com ele em vida nunca seria igual. É Queen, sem dúvida! Estão lá as marcas de água e é vislumbre do que viria. Porém, não responde completamente à minha pergunta… Ficará sempre a angústia de não saber o que viria… E o caminho parecia ser brilhante!


E a vocês?! Esta pergunta assolou-vos?


Queen – 50 anos


De certa forma, no seguimento do anterior, não sei se repararam, mas falta pouco mais de um ano para o 50º aniversário dos Queen. O que gostariam de ver para celebrar tão redondo número? Que iniciativas? Lançamentos? Eu gostava de ver um disco compilação com demos, lados B, raridades fora de álbuns e afins devidamente remasterizados e trabalhados. Com músicas como “Dog With a Bone” por exemplo… Ou um unplugged. Ou um concerto com um holograma de Freddie! Vocês…? Desejos?!


Queen no Japão


Que os Queen são gigantes no Japão não é novidade alguma. Mas o efeito de Bohemian Rhapsody no país está a ser algo completamente acima das melhores expectativas. O Império do Sol Nascente ficou completamente… gaga com o filme. Inúmeras sessões do filme singalong foram organizadas pelo país (com inúmeras pessoas em cosplay) e nos karaokes, criação do país, das 10 músicas mais requisitadas 5 são dos Queen. E a banda sonora do filme e a Platinum Collection ocupam os 2 primeiros lugares da tabela de vendas.


Mas isto nem é o mais extraordinário. No ano em que saiu o mega blockbuster The Avengers Infinity War, Bohemian Rhapsody contabilizou 3 vezes a receita do mastodonte da Marvel, tornando-se no maior filme do ano no Japão, com quase 100M de dólares de receita. O segundo filme com maior receita fez menos… 20 milhões de dólares que o “nosso” filme. Num país que lhe era tão caro, Freddie ficaria orgulhoso. Sem dúvida!

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