É tempo de publicarmos o novo artigo do nosso colaborador John Aguiar, que desta vez nos trás uma reflexão profunda sobre o nosso ídolo, deixando-nos uma questão muito interessante... Todos nós, os fãs de Queen, temos uma imagem mental de Freddie Mercury construída com base naquilo que víamos nas entrevistas, nos palcos e nas palavras ditas por outros. E irei descontar, claro, se algum de vós o sequer conheceu. Aliás, mesmo tendo conhecido, deve ter sido um fugaz aperto de mão há mais de 3 décadas…
Quem de nós nunca se colocou à frente do espelho ou num momento mais solitário em casa a imitar aqueles gestos…? Quem nunca juntou os braços à frente cintura, de palmas bem abertas…? Ou levantou o punho cerrado no ar? Ou fez aquela famosa “duck face” dele, a única que deveria ser admissível por lei? Eu já! E vocês? Certamente que sim…
Para mim, Freddie, além de ter feito vezes sem conta o descrito atrás e também de, na minha cabeça eu soar igual a ele (patético eu sei), era muito mais. Era uma espécie de super-herói, que tudo podia e fazia! Era liberdade infinita… Antes de saber que ele era Bulsara, era só Mercury. Nós não queremos saber, na nossa meninice, de Clark Kent, só do Super-Homem! Assim, era comigo, na minha “infância” de fã dos Queen! O que se via em palco e nos clips era tudo… Aquilo era Freddie Mercury! Força, poder absoluto sobre a multidão, génio a cada acorde da garganta! Ia do rock à balada e à ópera com facilidade. Só porque sim, porque não tinha limites. Mas com o tempo e com o aprofundar do meu gosto, fui vendo além disso… E tal como o Super-Homem é moldado por Kent, também Mercury é mais Bulsara do que outra coisa. E pude ver que nas letras, na postura extra palco e fora da fama, Mercury não era aquilo que se via em 1ª instância. Era um ser humano, como eu. Um homem com medos e inseguranças canalizados para uma personagem maior que a sua vida e que o levou aos píncaros. E se Mercury perdurará para sempre é por aquilo que Bulsara foi... E no lugar de toda aquela pose e montra de loucura, assumida nos círculos próprios, tão lendárias são as festas dos 70’s e inícios dos 80’s, essa loucura era um catalisador da sua principal característica, aquela que agora ligo mais quando penso nele: a generosidade. Ser amigo de Mercury devia ser um privilégio tal que muitos não o entenderam e aproveitaram-se disso. Para mim, Mercury é agora isso, generosidade, na minha maturidade como fã. Para com os amigos, nas suas dádivas, e para nós, os fãs, pela sua insuperável entrega em dar-nos tudo dele enquanto artista. Só isso… E por isso, obrigado! Obrigado por seres generoso!
E quem de nós nunca sonhou em ser escandaloso? Em ser livre, como ele? Em ter confiança ilimitada nas nossas capacidades, ao mesmo querendo alguém para partilhar tudo isso?
Assim, e para consubstanciar isto tudo e indo mais além, trago uma colecta de palavras de quem o conheceu para sabermos mais qualquer coisa dele…
- Nós demos um salto de fé de algum modo (quando conhecemos Mercury). A sua personalidade era tão forte. - Brian May
- As pessoas têm uma imagem dele como de uma diva, que insistia em ter tudo à sua maneira, mas ele era o mediador, o tipo que conseguia fazer sentido das tuas partes da discussão. - Brian May
- O Freddie às vezes fazia birras porque um perfeccionista. Ele dizia um fuck this e um fuck that e no minuto a seguir ria e chamava todos de darlings. - Trevor Cooper (roadie).
- O Freddie sabia rir de si próprio, enquanto outros na banda não o sabiam fazer da mesma forma. - Peter Hince (roadie)
- Perder Mercury foi como perder um membro da família. - Brian May
- Eu nunca superei a morte dele. Nenhum de nós superou. E nós subestimámos o impacto da perda dele. - Roger Taylor
- Para Deacon, a morte de Freddie foi muito difícil de processar. Ao ponto de se tornar insuportável meramente o facto de tocar connosco. - Brian May
- Eu irei pensar nele todos dias, às vezes por breves momentos, noutros durante mais tempo. - Roger Taylor
- Ele era uma pessoa extraordinariamente forte, mesmo perante a doença. - Brian May
- Não digo que não existam momentos em que não chore, mas já não custa tanto, porque a maior parte dos momentos foram de felicidade. - Brian May
- Ele conseguia galvanizar a audiência pela simples força de vontade. - Roger Taylor
- Se ele dissesse às pessoas para se despirem (à plateia), as pessoas fariam-no. - Trevor Cooper (roadie)
- O Freddie era incrivelmente corajoso. Ele continuou a aparecer, a actuar com os Queen, a ser engraçado, escandaloso e profundamente generoso, como sempre foi. - Elton John
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No meio disto tudo, gostava de ouvir palavras da boca de John Deacon… E vocês? O que dizem? Quem era Mercury?
Deixo por fim, uma sugestão de passeio em Cardiff