Nesta segunda parte da dupla entrevista à Louder Sound, temos Brian May. Novamente, não iremos traduzir directamente todo o conteúdo da entrevista, mas sim iremos abordar os temas mais interessantes ou novidades. Novamente, as perguntas da Louder foram muito pertinentes e permitiram um forte engajamento do Bri. Vejamos o que de mais relevante foi dito.
Os 50 anos de Queen: Foi abordada uma eventual celebração, mas descartada em favor de festejar o estar vivo e capaz de tocar. Seria um dispêndio desnecessário de energia, a celebração da data.
As aspirações do início: Bri sublinha que a ideia foi sempre chegar ao topo, pois tinham grandes sonhos. Desde o início. Mas que se fosse só com ele e com Taylor a coisa nunca resultaria, pois discordam em tudo, até sobre uma janela. Freddie foi sempre o diplomata. O homem do compromisso.
Os early days: Era uma diversão, diz Brian. Transportavam e faziam tudo, com um roadie, até as pipocas. Convidavam managers e empresários discográficos e ninguém aparecia…
O Ball’s Park College: May diz que era frequente tocarem em sítios onde se percebia bem o que os Queen iam lá fazer. Neste Ball’s Park College, uma coisa pequena, a audiência ficou a olhar para a banda à espera do Stairway To Heaven e Paranoid. E ao intervalo foi-lhes pedido que deixasse o tipo dos discos meter música.
Os Sparks: Os Sparks são um duo formado por dois irmãos, fundado em 67 e que se mantém no activo ainda hoje e contam com 24 álbuns originais. May revela que foi abordado por eles, logo após Killer Queen, para se juntar à banda, pois os “Queen não iam ter mais êxitos” e eles “iam conquistar o Mundo”. O convite foi rejeitado, com a Bri dizer que estava bem como estava.
Bohemian Rhapsody e The Prophet’s Song: As pessoas ficaram chocadas pelo estilo operático de Bohemian Rhapsody, mas os Queen já faziam isso de trás e que Freddie sempre teve essas ideias na cabeça. Sobre Prophet’s Song, Bri admitiu ser um tema sensível, por oposição a BohRhap, pois gostava que a sua música (inspirada num sonho de May) também tivesse a mesma “vida pública”. A diferença é que Freddie, nas gravações estava muito confiante e Brian admite não ter tido a mesma confiança, à procura dos riffs certos.
O peso de estar nos Queen: May diz que era duro. Estar numa banda e ter identidade própria. Ter uma voz que não está a ser ouvida pode nos levar a ser maus, não querer compromissos, dogmáticos e ressentidos. Brian diz que todos na banda se sentiram assim (talvez excepto Freddie) e que todos, num dado momento, abandonaram a banda. Revela ainda que nas sessões para o The Game chegou a sair do estúdio para nunca mais regressar. Mas depois voltou “a calçar as luvas” e pronto.
Freddie: Brian revela que o mais próximo dele era Freddie, um diplomata, que uns dias após uma discussão voltava e dizia “Estive a pensar…”. May aponta os tempos em Montreaux nos últimos anos como os mais próximos de Freddie, o qual protegiam de olhares curiosos.
Ainda existiriam os Queen hoje?: Brian é perentório: Sim. O regresso à “Nave Mãe”, como todos apelidavam a banda, era a norma, mesmo quando afastados. Freddie estaria, sem dúvida, ainda no ativo.
Adam Lambert: Brian afirma, quando questionado se deviam ter parado, que fez parte da construção do legado, logo tem direito de continuá-lo. Que tocar está-lhe no sangue e que Rog e ele dão as músicas a Lambert porque podem fazê-lo. Estão no direito deles. Que Lambert as mantém vivas. Sobre um álbum, Brian não sabe se tal irá acontecer, mas que não vê objecção a tal.
Num apanhado rápido às entrevistas, o que dizer? Que Roger, sem surpresa, continua a ser o rocker dos Queen e que Brian é, a nosso ver, o guardião-mor do legado sentimental e musical da banda. Revelações interessantes sobre propostas de outras bandas a ambos. Na entrevista de Taylor destacaria ainda o modo ele se referiu ao período pós morte de Freddie, a década perdida, e na de Brian o peso de estar nos Queen. As discussões acaloradas eram quase como fuel para a música. Mas que no fim das contas, a banda era mais importante que os egos. Freddie teve uma definição interessante para isto: os Queen eram 4 projetos a solo conjugados numa banda. É uma definição perfeita.