
Passam-se hoje trinta e seis anos desde o último concerto dos Queen com Freddie Mercury, a banda atuava no Knebworth Park em Stevenage perante cerca de 120 000 espectadores, fechando assim a mitica Magic Tour.
Aquele dia 9 de Agoosto de 1986 começou com os Belouis Some e Status Quo seguidos pelos Big Country. Os Status Quo tocaram antes dos Big Country, apesar de serem "maiores", pois tinham que seguir viagem para um concerto na Alemanha. A banda estavaa tentar estabelecer um record mundial, ao darem três concertos em três países diferentes no mesmo dia.
Bem cedo iniciou-se uma batalha de garrafas entre o público, sendo que muitas delas foram atiradas aos Belouis Some durante a sua actuação. Um dos backup singers, usava um alguidar como protecção. Milhares de garrafas foram sendo atiradas de um lado para o outro ao longo o dia.

Durante o concerto dos Status Quo, um dos roadies subiu para a um ecrã com uma guitarra de cartão. Quando lhes contaram, a banda disse que pensar que a reacção do público havia sido para eles. O roadie foi despedido de imediato.
Entre bandas, entram mostrados vários vídeos no erã gigante, incluindo muitos vídeos dos Thin Lizzzy, banda com quem os Queen tinham andado em tour, em 1977. Isto aconteceu pois Phil Lynott, vocalista/baixista tinha falecido recentemente. Também foi exibido o álbum Brothers in Arms dos Dire Straits na sua totalidade.
Durante o concerto dos Status Quo, os Queen voaram de helicóptero para o recinto.

Tal como foi dito por vários membros do público, os Big Country deram um excelente concerto. Mas durante o 4.ºencore, o promotor Harvey Goldsmith tinha um ar zangado e apontava para o pulso. Nesta altura, alguém no público atirou uma garrafa a Stuart Adamson, o vocalista, com um líquido que não precisa de ser mencionado...
Para alegria da multidão os Queen entram finalmente em palco, sendo recebidos de forma apoteótica, tal como se pode ouvir no álbum Live Magic.
Freddie estava a soar espetacularmente bem durante o concerto, tendo muitos momentos de conversa com o público.
Depois da segunda música, Freddie começa imediatamente a falar com a audiência, em resposta à venda de bilhetes e à interminável procura, que motivou este concerto extra.

"Olá, era isto que queriam, é isto que vão ter! Estão todos a ter um grande dia? Agora têm que nos aturar."
Depois da A Kind Of Magic, Freddie refere "Este é um local enorme, mesmo para os nossos padrões. Que vista magnifica daqui! É assustador! É lindo."
Depois do dueto vocal com o público, Freddie afirma "Vocês são bons. Já vos apanho depois de um par de músicas, fiquem à espera!" Depois do primeiro refrão de Another One Bites The Dust, Freddie diz ao público para cantar e relembra "Eu disse que vos ia apanhar!"
Depois de Another One Bite The Dust, Freddie diz "Esta música requer que eu ande a correr de um lado para o outro, mais do que já tenho feito". Depois, John toca uma linha de baixo meio "funky" e Brian toca uns riffs que fazem lembrar Fun It do álbum Jazz.

Mais à frente, num tom mais sério, Freddie diz “Vocês sabem que esta é a última paragem da nossa tour, sabem não sabem? Que maneira linda de acabar, olhem só para vocês. Deixem-me dizer que esta foi a nossa melhor tour europeia, graças a vocês. E existiram rumores da nossa separação, mas…que se fod*m!” e depois acrescenta “Como podemos separar-nos, com um público tão grande? Não somos assim tão estúpidos!”
Roger toca de maneira entusiasmante, durante o concerto, especialmente durante Impromptu. Freddie inclusivamente grita “Boa!”, em resposta ao solo de bateria. Roger mais tarde, diria que este concerto foi muito divertido, um dos seus favoritos durante a sua carreira.
Antes de Love Of My Life, Brian diz “Foi a maior e a melhor coisa que nos poderia ter acontecido.” A parte "séria" do concerto, começa com Brian a apresentar Is This The World We Created. “À cerca de ano e meio, antes do Live Aid, nós vimos coisas na televisão que nos deixaram destroçados e numa noite em Munique, sentámo-nos e escrevemos o que pensávamos daquilo. E saiu isto.” O vídeo da ultima performance desta balada, pode ser visto no documentário Champions Of The World.
Freddie, com a sua Telecaster, antes de Crazy Little Thing Called Love, já nem precisa de apresentar a música, pois grande parte do público já sabe o que vem a seguir. Brian entra no terceiro verso, com também com uma Telecaster, mas está a fazer muito ruído. Uma pessoa no público relembra que ele partiu uma corda. Rapidamente decide mudar para a Red Special conseguindo fazer o solo a tempo.

John Deacon, de maneira inesperada, atira o seu Fender Precision logo a seguir Radio Ga Ga. Isto pode ser visto no lançamento oficial Rare Live. Deacy acerta nos outros baixos, deitando-os ao chão. Os roadies verificam os instrumentos, certificando-se que não existem estragos.

“Obrigado gente linda. Foram tremendos. Foram um público especial. Muito obrigado. Boa noite, bons sonhos, nós amamo-vos” são as palavras finais de Freddie, depois a banda sairia do palco pela última vez neste formato.
Quando as pessoas estavam a sair, de repente alguém apaga a maior parte das luzes (essa pessoa seria despedida por causa disso), forçando a enorme multidão a tentar encontrar a saída às escuras.
Um bebé nasceu no público, durante a noite, mas alguém também morreu. Um fã subiu um poste de iluminação para ter uma vista melhor, mas caiu em cima de alguém que não ficou contente com isso e acabou por esfaqueá-lo. A ambulância foi chamada, mas demorou muito a passar pela enorme multidão tendo a pessoa acabado por morrer. É frequente ler que depois de saber da morte da pessoa, Freddie afirmaria “Se alguém tem que morrer, porque nos queria ver, nunca mais actuarei ao vivo.” Este é mais um comentário assustador de Freddie, durante aquele ano. Algo sugeria que o vocalista sabia estar doente.
O álbum Live Magic, lançado em Dezembro de 1986, contém temas de Wembley, Budapeste e Knebworth Park – sendo composto maioritariamente por faixas do concerto de Knebworth.
Algumas imagens de One Vision, com a versão estúdio de Who Wants To Live Forever como áudio, foram mostradas numa reportagem do canal ITV, em 2002. O tema dessa reportagem foi o diploma honorário da Universidade de Hertfordshire recebido por Brian May.
Por volta do 20.° aniversário do concerto perguntaram a Brian sobre a existência do concerto em vídeo, e a resposta foi:
“Muito boa pergunta é com o timing perfeito. A resposta é muito simples e embaraçosa. Uma das grandes falhas da nossa história. As câmeras estavam a filmar, e as imagens ao vivo eram transmitidas nos ecrãs. Mas ninguém colocou uma cassete para a gravação. Existem algumas imagens de um documentário, filmado à parte, que incluem imagens lindíssimas do público, mas apenas isso. Seria um belo DVD para se ter, “O último concerto dos Queen”. Mas infelizmente, não vai acontecer.”
No entanto, um ano mais tarde, o arquivista dos Queen, Greg Brooks disse: “Só existem imagens dos ecrãs gigantes, o que é muito aborrecido e algumas partes do público, se bem me lembro.” E depois disso, Greg já afirmou que mais de metade do concerto existe em vídeo, bem como muitas imagens antes do concerto e entrevistas nos bastidores. Isto inclui, imagens de Is This Is The World We Created, partes de Radio Ga Ga, We Are The Champions e God Save The Queen, que foram vistas em vários documentários. Embora as imagens do concerto sejam fragmentadas, o áudio permanece intacto.
De forma amadora, o concerto foi filmado por um membro do público. A pessoa focou-se maioritariamente no ecrã gigante. O concerto foi todo gravado, com excepção de uma parte de Crazy Little Thing Called Love.
Numa entrevista em 2011 para a BBC, Mary Austin revelaria que Freddie sabia já ser portador do virús da SIDA, durante a última digressão dos Queen. “Na última tour, ele sabia, e foi muito difícil para ele trabalhar, trabalhar apesar da dor emocional de saber que seria a sua última tour. Ao vê-lo sair de palco, eu agora sinto uma imensa dor. O ar dele, ao sair de palco. Eu olhei para ele, ele olhou para mim e é o saber que seria o último concerto.”