Eis a nova série dos Queen - Queen The Greatest Live - que durante 50 semanas irá entrar nos bastidores para revelar o que é necessário para criar um espectáculo da banda. A série irá incluir momentos de performances icónicas dos Queen e, acima de tudo, demonstrar a razão pela qual são considerados o derradeiro espetáculo ao vivo.
Neste primeiro episódio temos uma nova e exclusiva com Brian May e Roger Taylor, que revelam os segredos dos seus ensaios.
"Eles chamam-lhe "Kaizen" no Japão; melhoras pequenas coisinhas pelo caminho e de repente o espectáculo inteiro mostra uma melhoria. E é por isso que o espectáculo é tão bom, penso eu. Quer dizer, espero que seja bom. As pessoas dizem que é bom." - Brian May
"Normalmente tocamos uma música inteira e vemos se pensamos se irá funcionar ao vivo. Elas nem sempre funcionam ao vivo. Então há alguns temas, que estão nos álbuns mas que nunca tocámos ao vivo e provalmente por uma boa razão." - Roger Taylor.
Desde os seus primeiros concertos até tocarem para várias centenas no famoso clube de Londres, o Marquee Club em 1973 até aos concertos mais recentes para mais 70,000 pessoas em Sydney na Australia. O único constante na carreira ao vivo dos Queen tem sido o compromisso da banda com o que consideram o aspeto mais crucial para um espetáculo bem sucedido: os ensaios.
Agora no seu triunfante segundo ano, a altamente popular serie do YouTube, Queen The Greatest, regressou a 20 de Janeiro de 2023. Este primeiro episódio dá inicio a um calendário de 12 meses e 50 vídeos que irá trazer aos fãs mais itens do arquivo da banda ao vivo, performances contemporâneas e entrevistas de bastidores que atravessam as cinco décadas de Queen. Complementado com os visuais meticulosamente elaborados por Simon Lupton, o colaborador multimédia de longa data da banda, o Queen The Greatest promete continuar a informar e a fazer as delicias dos fãs mais hardcore, muitos dos quais podem ficar entusiasmados ao reparar que o regresso da série tem agora um novo tema de abertura – uma secção de We Are The Champions especialmente adptada por Brian May
Desde o Live Aid até ao Rock in Rio, os lendários concertos dos Queen têm sido sempre o climax de meses de exaustiva preparação. Como Brian e Roger explicam aqui no primeiro episódio, os ensaios e o processo de soundcheck são uma parte vital da magia que acontece no palco, não apenas ajudando os Queen a esculpir o seu reconhecido som épico mas também afinando equipamentos musicais e mesmo limpando o pó de músicas que raramente aparecem no alinhamento. "E se funciona no Soundcheck," nota Brian, "colocas na próxima noite".
Intercaladas com as novas entrevistas, o episódio 1 também oferece imagens de bastidores de digressões dos Queen, passadas e atuais. Em tempos modernos, vemos o Roger a testar o seu kit de bateria e o frontman Adam Lambert a testar a acústica do estádio. Mas este recente vídeo mergulha ainda mais profundamente nos cofres, trazendo-nos imagens do soundcheck da altura do News of The World, com Freddie Mercury a cantar Tie Your Mother Down para filas de lugares vazios enquanto Brian luta com a sua pedalboard.
A nossa jornada começa com uma nova e exclusiva entrevista com Brian e Roger, para descobrir a importância do primeiro, aspeto crucial de qualquer digressão dos Queen bem-sucedida. Os ensaios.
Brian May: "Ensaiar antes de uma digressão é sempre uma surpresa porque não sabes do quanto te irás lembrar e não sabes se vais sentir o mesmo. Mas é surpreendente como as coisas fluem de volta para ti, para as tuas veias quando se começa a fazer coisas por lá.
Roger Taylor: "Normalmente tocamos uma música inteira e vemos se funciona, se achamos que irá funcionar ao vivo. Algumas delas apenas, não são adequadas para uma entusiasmante e envolvente performance, uma performance ao vivo. Então nós provavelmente, há alguns temas, que estão nos álbuns mas que nunca tocámos ao vivo e provavelmente por uma boa razão."
Brian May: "Nós tentamos muitas coisas e muitas vezes dizermos "Bem, nós fizemos isto da última vez. Bem, talvez vamos fazer aquilo", e defines um alinhamento ainda em bruto muito rapidamente. São necessárias muitas coisas. É tambem necessário aferir o som e certifiarmo-nos que tudo está no lugar na frente, para as pessoas na frente. É necessário verificar o sistema do monitor, certificar que nos podemos ouvir uns aos outros, se eu consigo ouvir o Rog, se ele me consegue ouvir a mim, etc., etc..."
Roger Taylor: "Tem também a ver com as luzes, toda a produção. Então tens muitas coisas para fazer no período de ensaios. E é fácil que as coisas, penso eu, fiquem inacabadas. Então tu sabes que vais sair em digressão, na primeira noite e não vai estar acabado. Vai haver trabalho em progresso, mas essa é a natureza do jogo. Não podes ser perfeito. Não podes bater no chão de forma perfeita. Tu bates no chão, ok? E tu esperas evoluir para o sítio onde queres estar. Então na altura em que chegas ao fim da digressão, és bastante bom."
Para assegurar que esta evolução continua durante a digressão dos Queen, algumas preciosas horas em cada dia de concerto tornam-se vitalmente importantes.
Brian May: "Sound checking é realmente a linha base de andar em digressão. Se não fazes soudcheck enquanto estás no processo de andar em digressão, estás estático e estás como morto. É o que sinto. E sei que também é o que o Roger sente."
Roger Taylor: "Nós simplesmente não nos sentiriamos felizes a não ser que soubessemos onde estava exatamente tudo – o set up, o som, mesmo que estejas a tocar várias noites no mesmo sítio. Tu queres chegar no próximo dia e quase que ter a certeza que tudo está a soar bem. Está bem sintonizado. Que está tudo certo… E poderá ter havido algo com que não ficaste feliz na noite anterior. Tu queres corrigi-lo, sabes. E depois podermos apenas mudar uma música, e então vamos ensaiar um novo tema para acrescentar e apenas tentar várias coisas, realmente. Mas eu penso que o Brian e eu certamente não ficaríamos felizes de entrar sem preparação. Nós gostamos de saber que tudo está certo e, com sorte, nada irá correr mal."
Roger Taylor: "O soundcheck. Normalmente às 16h, eu entro primeiro com a certeza absoluta que o Brian vai demorar décadas, então eu posso fazer o meu rapidamente. Então depois deixo o palco livre e os outros rapazes vão para lá, ritmo, baixo, teclas e eles irão estar a rever algumas coisas, tecnicamente, harmonias, coisas do género. E então o Brian vem fazer o seu som e depois vamos todos como uma equipa e tocamos juntos. Sim, essa é maneira como normalmente funciona. Sim."
Brian May: "Nós chamamos-lhe um soundcheck, mas uma parte dele é verificar o som e é sempre necessário, mas o resto é apenas ir tentando coisas, mesmo que sejam só alguns compassos. Tipo "o que aconteceu ontem à noite? Oh, aconteceu aquilo. E se fizermos assim?". E vais gradualmente, gradualmente evoluindo o espectáculo, encontrando peças que não funcionaram tão bem como poderiam ter funcionado. Talvez possam ser melhoradas. "Oh, vamos exprimentar. Não tentávamos esta música há décadas. Talvez tentamos isto?" E se funciona no soundcheck, incluimos na próxima noite."
Brian May: "Mas podem ser todo o tipo de pequenas, pequeninas, minusculas coisas. Tipo "se fizer isto, sabes, generalmente fazes isso que entra em conflito, sabes, então talvez nós… Oh sim, okay, vou fazer isto". E tu ajustas aquelas coisas que, que melhoram. Eles chamam-lhe "Kaizen" no Japão e melhoras pequenas coisinhas pelo caminho e de repente o espectáculo inteiro mostra uma melhoria. E é por isso que o espectáculo é tão bom, penso eu. Quer dizer, espero que seja bom. As pessoas dizem que é bom"
Na próxima semana: EP 2: Ensaios (Parte 2) - Preparar o maior espectáculo de todos os tempos.
Fonte: Queen OnLine e Arte Sonora